quarta-feira, 8 de julho de 2020

Maritacaca ou gambá-de-orelha-branca, Didelphis albiventris
Gambá deriva do tupi-guarani gãamba, significa seio oco, e faz referência ao marsúpio, órgão em forma de bolsa interna que as fêmeas desse animal possuem para acolher e carregar os recém-nascidos, ainda em estágio embrionário, por várias semanas enquanto se amamentam e se tornam filhotes. Por terem esses dois úteros e não apresentarem placenta são chamados de didelfídeos. Além de hábitos solitários e noturnos, os gambás possuem uma cauda preênsil e são onívoros. Alimentam-se de ovos, insetos, vermes, raízes e frutos, também gostam de caçar frutos do mar, anfíbios e cobras, sendo imunes ao venenos das serpentes peçonhentas.
Há ainda um outro nome para a nossa terra: Ilha da Tapera. Que apesar de tão desconhecido, esse nome é tão interessante e tão histórico que merece todo um capítulo a parte. Areia Branca um dia já foi somente a Ilha da Tapera.
Há necessidade de se quebrar mais um mito desenvolvido pela mídia: o casal formado pelos personagens Pepe e Penélope [ver imagem abaixo], criados pela Warner Bros. Entertainment para a série Looney Tunes, é erroneamente identificado no Brasil por representar um casal de gambás, quando na verdade a dupla representa um casal de cangambás.
Pepe & Penélope não são um casal de gambás
Cangambá, Mephitis mephitis, é o mesmo que maritataca, ou jaritataca, ou ainda, tataca. Apesar da semelhança nos nomes, essa espécie de mefitídeo é totalmente diferente dos gambás, portanto, não são marsupiais, nem muito menos comuns em nossa região.
São vários os motivos para se confundir duas espécies tão distintas. Tanto que em Areia Branca, já houve vários exemplos dessa confusão de nomes: assim como no Recife, o time de futebol Clube Náutico Capibaribe tem o timbu como mascote [ver imagem abaixo], aqui em Areia Branca, já existiu um time de basquete que além de um cangambá como mascote, tinha o sugestivo nome de Tatacas, ao invés de se chamar Tacacas e apresentar um gambá como mascote.
Timbu, mascote do Clube Náutico Capibaribe do Recife é um gambá
O gambá foi o primeiro animal americano a ser conhecido pelos europeus. Foi o navegador espanhol Vicente Pinzón quem, em 1500, coletou um exemplar fêmeo desse animal na América e o levou como presente para o Rei e a Rainha da Espanha, o que causou enorme estranheza, uma vez que os marsupiais, na Europa, haviam se extinguido no período terciário, há mais de 60.000.000 de anos, e os europeus ainda desconheciam a Austrália e qualquer tipo de marsupial, inclusive o canguru.
Primeira descrição científica do gambá ou maritacaca, no livro Historia Naturalis Brasiliae de 1648, por Piso & Marcgrave
Até hoje, esse animal tão simpático e tão cheio de peculiaridades, como a tanatose, capacidade de se fingir de morto, ficando imóvel e exalando um cheiro ruim para afastar predadores, é motivo para espantos, lendas e expressões. Quem nunca ouviu o ditado popular “bêbado como um gambá”? Quem nunca visitou o norte do Brasil e se deparou com as inusitadas receitas que transformam o gambá em uma das iguarias típicas mais apreciadas pelos turistas? Inclusive há um bairro residencial de nome Ticaca na vizinha cidade de Grossos!

Artigo originalmente publicado na primeira edição de O PIRATA – Jornal Cultural da Ilha da Maritacaca, lançado no dia 15 de Março de 2012 no Ivipanim Clube, Areia Branca, com as ilustres apresentações do Doutor Honoris Causa, cordelista, escritor e poeta mossoroense Antônio Francisco e do violeiro, poeta e compositor grossense Genildo Costa
FONTE - ERA UMA VEZ EM AREIA BRANCA

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