quarta-feira, 8 de julho de 2020

ILHA DE MARITACACA – AREIA BRANCA



ilha de Maritacaca é uma ilha fluvial que se localiza no delta do rio Mossoró, próximo do centro da cidade de Areia Branca, no estado brasileiro do Rio Grande do Norte.[A região é conhecida por suas praias paradisíacas, dunas e falésias, além de uma porção territorial dominada pelo sertão.
No Tratado Descritivo do Brasil, publicado em 1587, o explorador Gabriel Soares de Sousa descreve as costas de Areia Branca. Já nos idos de 1860 há relatos de vários ranchos de pescadores estabelecidos na região chamada "Areias Brancas", na atual ilha de Maritataca.Anos depois, durante a guerra do Paraguai, de 1865 a 1870, o então povoado de Areias Brancas serviu de refúgio para os que fugiram do recrutamento militar.Tal assentamento viria a se tornar o município de Areia Branca em 16 de fevereiro de 1892.[
Maitataca substantivo feminino Variação de maritacaca ou cangambá. Etimologia (origem da palavra maritataca). Do tupi mbiaratakáka
FONTE - WIKIPÉDIA

ILHA DE MARITACACA



Há um outro curioso nome, mais interessante e, provavelmente, muito mais antigo, para se referir a nossa terra: Ilha da Maritacaca.
Foi Raimundo Nonato da Silva, em seu livro “Figuras e Tradições do Nordeste”, editado pela Editora Pongetti no ano de 1958, o nosso primeiro estudioso a registrar a ocorrência desse topônimo. Apesar de essa obra ser completamente magnífica, não coube ao competente autor, explicar o significado desse termo.
Suponho que Raimundo Nonato tomou conhecimento sobre o nome, Ilha da Maritacaca, através do seu contato com os habitantes mais velhos da região e suas narrativas, que ao passarem essa informação de geração a geração via tradição oral, fizeram com que esse dado se difundisse o bastante para chegar a todos nós, do mesmo modo, que, provavelmente, chegou ao notável pesquisador.
O termo “maritacaca” deriva de mbiaratáka, palavra de origem tupi formada pelos termos embiara, derivado de mbiara, que significa presa, e tacaca, derivado de táka, que significa fedor. Assim, maritacaca, nada mais é do que uma determinada caça malcheirosa com que alguns índios se alimentavam.
Cassaco, timbu ou taibu, sarigüê ou saruê, mucura ou micurê, ticaca, tacaca ou maritacaca, são todos sinônimos para o mesmo animal, o gambá, ou mais precisamente, quatro espécies, muito semelhantes entre si, do gênero Didelphis. Em Areia Branca, ainda temos o gambá-de-orelha-branca, Didelphis albiventris [ver imagem abaixo], espécie de marsupial endêmica da América do Sul que habita as matas ciliares, as camboas, os manguezais e as restingas que integram o rio, o mar, as dunas e as lagoas intradunares do nosso litoral à caatinga do semi-árido local.
FONTE – ERA UMA VEZ EM AREIA BRANCA

Maritacaca ou gambá-de-orelha-branca, Didelphis albiventris
Gambá deriva do tupi-guarani gãamba, significa seio oco, e faz referência ao marsúpio, órgão em forma de bolsa interna que as fêmeas desse animal possuem para acolher e carregar os recém-nascidos, ainda em estágio embrionário, por várias semanas enquanto se amamentam e se tornam filhotes. Por terem esses dois úteros e não apresentarem placenta são chamados de didelfídeos. Além de hábitos solitários e noturnos, os gambás possuem uma cauda preênsil e são onívoros. Alimentam-se de ovos, insetos, vermes, raízes e frutos, também gostam de caçar frutos do mar, anfíbios e cobras, sendo imunes ao venenos das serpentes peçonhentas.
Há ainda um outro nome para a nossa terra: Ilha da Tapera. Que apesar de tão desconhecido, esse nome é tão interessante e tão histórico que merece todo um capítulo a parte. Areia Branca um dia já foi somente a Ilha da Tapera.
Há necessidade de se quebrar mais um mito desenvolvido pela mídia: o casal formado pelos personagens Pepe e Penélope [ver imagem abaixo], criados pela Warner Bros. Entertainment para a série Looney Tunes, é erroneamente identificado no Brasil por representar um casal de gambás, quando na verdade a dupla representa um casal de cangambás.
Pepe & Penélope não são um casal de gambás
Cangambá, Mephitis mephitis, é o mesmo que maritataca, ou jaritataca, ou ainda, tataca. Apesar da semelhança nos nomes, essa espécie de mefitídeo é totalmente diferente dos gambás, portanto, não são marsupiais, nem muito menos comuns em nossa região.
São vários os motivos para se confundir duas espécies tão distintas. Tanto que em Areia Branca, já houve vários exemplos dessa confusão de nomes: assim como no Recife, o time de futebol Clube Náutico Capibaribe tem o timbu como mascote [ver imagem abaixo], aqui em Areia Branca, já existiu um time de basquete que além de um cangambá como mascote, tinha o sugestivo nome de Tatacas, ao invés de se chamar Tacacas e apresentar um gambá como mascote.
Timbu, mascote do Clube Náutico Capibaribe do Recife é um gambá
O gambá foi o primeiro animal americano a ser conhecido pelos europeus. Foi o navegador espanhol Vicente Pinzón quem, em 1500, coletou um exemplar fêmeo desse animal na América e o levou como presente para o Rei e a Rainha da Espanha, o que causou enorme estranheza, uma vez que os marsupiais, na Europa, haviam se extinguido no período terciário, há mais de 60.000.000 de anos, e os europeus ainda desconheciam a Austrália e qualquer tipo de marsupial, inclusive o canguru.
Primeira descrição científica do gambá ou maritacaca, no livro Historia Naturalis Brasiliae de 1648, por Piso & Marcgrave
Até hoje, esse animal tão simpático e tão cheio de peculiaridades, como a tanatose, capacidade de se fingir de morto, ficando imóvel e exalando um cheiro ruim para afastar predadores, é motivo para espantos, lendas e expressões. Quem nunca ouviu o ditado popular “bêbado como um gambá”? Quem nunca visitou o norte do Brasil e se deparou com as inusitadas receitas que transformam o gambá em uma das iguarias típicas mais apreciadas pelos turistas? Inclusive há um bairro residencial de nome Ticaca na vizinha cidade de Grossos!

Artigo originalmente publicado na primeira edição de O PIRATA – Jornal Cultural da Ilha da Maritacaca, lançado no dia 15 de Março de 2012 no Ivipanim Clube, Areia Branca, com as ilustres apresentações do Doutor Honoris Causa, cordelista, escritor e poeta mossoroense Antônio Francisco e do violeiro, poeta e compositor grossense Genildo Costa
FONTE - ERA UMA VEZ EM AREIA BRANCA

Quem sou eu

Minha foto
PORTAL TERRAS POTIGUARES BEWS, COM 74 BLOGS E MAIS DE CINCO MIL LINKS. MOSSORÓ, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE